Boletim Informativo Março
Catálogo 2005
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BOLETIM INFORMATIVO MARÇO

 

Deolinda Silva

Médica Veterinária

 

MAMITES (parte I): definição, tipos, etiologia e importância económica

 

O úbere ou glândula mamária é o órgão dos bovinos responsável pela síntese e secreção de leite. É constituído por 4 quartos independentes, normalmente estéreis. A sua conformação, o desenvolvimento e a integridade dos seus diferentes tecidos condicionam a sua capacidade de produção leiteira e a sua sensibilidade a infecções.

 

Definição

Mamite ou mastite é a inflamação do úbere, resultante de uma infecção por bactérias, originando perturbações no seu normal funcionamento. Ocasionalmente pode ser provocada por agentes químicos e físicos.

Traduz-se pela presença no leite de:

- microorganismos patogénicos (bactérias);

- células de defesa da vaca originárias do sangue (leucócitos), que se opõem à proliferação das bactérias;

- componentes em concentrações anormais que provocam alterações físico-químicas (aumento do pH e da condutividade do leite, por exemplo) e bioquímicas do leite.

 

Tipos

 

A mamite pode ser classificada em 3 tipos: sub clínica, clínica e crónica.

Na mamite sub clínicao úbere aparenta estar saudável e não há alterações visíveis no leite. O sinal indicador desta condição é o aumento da contagem de células somáticas (CCS) no leite. Por vezes pode ser acompanhada por uma diminuição na produção do leite e em geral antecede a mamite clínica. A CCS no tanque permite avaliar a proporção de vacas afectada, enquanto que a contagem individual de células somáticas (teste californiano de mamites), permite identificar quais os quartos afectados.

Na mamite clínica a inflamação é mais severa, ocorrendo alterações fáceis de identificar a nível do leite (ex. presença de grumos, alteração da cor, do odor e da consistência – de pastoso a aguado), do úbere (ex. quente, duro, doloroso ao toque, edemaciado – “inchado”, congestionado – “avermelhado”) e da vaca (ex. alteração do apetite, recusa em vir para a ordenha). Regista-se uma baixa significativa na produção de leite.

Consoante o grau de gravidade pode-se classificar a mamite clínica em 2 tipos:

- mamite clínica aguda: o estado geral da vaca está afectado (ex. não come, apresenta diarreia de água, febre, pode estar caída) e as alterações do úbere são geralmente muito severas. Este tipo de mamite tem um desenvolvimento muito rápido, podendo algumas vacas morrer em poucas horas. A mamite gangrenosa é uma forma de mamite aguda, na qual ocorre um dano severo do tecido mamário dos quartos afectados, levando à necrose (morte) do mesmo (o úbere fica frio e roxo, levando ao “apodrecimento” do mesmo);

- mamite clínica sub aguda: o estado geral da vaca não está afectado (ex. continua com comportamento e apetite normal) e as alterações do úbere e leite são moderadas (o único sinal pode ser a presença de alguns grumos ou flocos no leite, também pode haver uma ligeira alteração na cor do leite, podendo ir de ligeiramente castanho a amarelo).

A mamite crónica caracteriza-se pela sua recorrência (ex. a mesma vaca tem mamite várias vezes na mesma lactação, apesar de ter sido devidamente tratada). O úbere pode apresentar lesões irreversíveis, tais como, fibrose local (cicatrizes – úbere com nódulos duros) e atrofia (úbere diminuiu de tamanho). Nestes casos é aconselhado o refugo (morte) do animal.

 

Etiologia (causas)

 

A mamite é maioritariamente originada pela acção de bactérias, podendo também ser provocada por agentes físicos e químicos.

As bactérias mais comummente implicadas são: Staphylococcus aureus, Streptococcus agalactiae, várias espécies de Mycoplasmas, Escherichia coli e Corynebacterium bovis.

Estes microorganismos podem ter duas origens:

- vacas infectadas, havendo transmissão de vaca a vaca, durante a ordenha;

- meio ambiente: havendo transmissão durante a ordenha ou não, quando os tetos entram em contacto com um ambiente contaminado (mãos do ordenhador sujas, tetinas sujas, parques com muita lama, etc.). Dentro destes microorganismos ambientais, a bactéria mais importante é a E. coli, uma vez que se encontra por natureza no intestino do animal.

 

Importância económica

 

Na maioria das explorações a maior perda económica é invisível, resultando dos prejuízos com mamites sub clínicas. As maiores perdas associadas a mamites resultam da diminuição na produção de leite, diminuição dos prémios de pagamento e da quantidade de leite separado, devido à presença de antibióticos, células somáticas e ao facto de estar impróprio para consumo (ex. presença de sangue).

Nas mamites sub clínicas as perdas económicas têm várias fontes: diminuição da produção de leite, perda dos prémios devido à elevação das células somáticas, aumento dos refugos de animais e diminuição do valor do leite para a produção do queijo.

No que refere às mamites clínicas, as perdas económicas são mais óbvias: quantidade de leite separado (anormal ou com antibióticos), aumento nos custos com tratamento e serviço veterinário, aumento dos refugos ou perdas por morte do animal no decurso da doença.

Outras perdas podem estar relacionadas com diminuições da fertilidade e aumento na taxa de abortos.

 

MAMITES (parte I): definição, tipos, etiologia e importância económica

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