Boletim Informativo Março
Catálogo 2005
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BOLETIM INFORMATIVO MARÇO

Carlos oliveira

Eng. Zootécnico

Detecção de cios!

O que é o cio?

 

Cio, também conhecido como estro, é o período durante o qual a vaca ou novilha aceita a monta ou cobrição. Esse período é cíclico e ocorre a cada 21 dias (18 a 23 dias) nos animais não prenhes. A duração do cio varia de 10 a 30 horas, dependendo da raça, presença de doenças, temperatura ambiente, tipo de maneio, entre outros factores. Para o aparecimento do 1º cio, o peso é um dos principais factores. Este aparece quando o animal atinge cerca de 40% do peso adulto, normalmente por volta dos 10 meses.

 

Porque é tão importante a sua detecção?

 

Grande parte dos insucessos reprodutivos no sector da bovinicultura são causados por detecções de cio deficientes nas explorações que utilizam a inseminação artificial. Estudos americanos indicam que 85% dos casos de baixa fertilidade na realização da inseminação artificial, tem a ver com uma deficiente detecção do cio. Um cio não detectado vai aumentar o intervalo entre partos e a inseminação fecundante, reduzindo o número de vacas em lactação e o de novilhas para reposição, por outro lado os encargos alimentares vão-se manter e a produção diminuir, tudo isto se vai traduzir em perdas económicas.

Para obter um intervalo de partos próximo de 12 meses e, consequentemente, maior eficiência reprodutiva do rebanho, é necessário que a vaca conceba ou fique gestante até três meses após o parto. Para isso, é importante o retorno ao cio pós-parto o mais breve possível e claro a sua detecção.

 

Detecção de cios!

 

Não nos pudemos esquecer da importância da eficiência na detecção de cios, pois quanto mais eficiente for a sua detecção, menor será o n.º de dias em aberto logo as perdas económicas serão menores, como já referi-mos anteriormente, assim sendo para uma detecção mais eficaz deve-se fazer várias observações diárias, com um mínimo de 30 minutos para cada observação, isto porque o intervalo entre montas dura aproximadamente 20 minutos.

Estudos efectuados demonstram que quando se faz uma só detecção diária, apenas 40% – 50% dos cios são detectados, quando se fazem duas, sobe para 75% a percentagem de cios detectados e quando se fazem 3 – 4 observações diárias obtêm-se resultados superiores a 90%.

De preferência as observações deverão ser feitas nos períodos de maior acalmia pois em relação à actividade do cio durante o dia, 70% dos casos de cio declarado ocorrem durante o período de maior sossego, correspondente entre as 18.00h e as 6.00h.

Para ter certeza do cio, é preciso visualizar a aceitação da monta (reflexo de imobilização que deve durar no mínimo 10 segundos).

Se pretendermos melhorar a eficiência da detecção de cios, poderemos usar outros métodos, como por exemplo a utilização de detectores (marcadores de tinta, touros marcadores (preparados cirurgicamente para evitar contacto sexual), pedómetros (detectam aumento anormal dos movimentos do animal), medição da condutividade eléctrica do leite), circuitos internos de vídeo etc., contudo estes auxiliares devem apenas ser usados como complementares da observação directa.

Existem muitos outros sinais que auxiliam na identificação do cio, e são chamados de sinais secundários. Normalmente, os animais em cio ficam mais agitados, procuram outros animais, mugem ou lambem e cheiram outros animais do rebanho com mais frequência. Realizam, também, tentativas de monta em outros animais que podem ou não estar no cio. É comum os animais em cio apresentarem perda de pêlos próximo à inserção da cauda, o que é provocado pela monta de outro animal. A presença de muco na vulva é também um indicativo de cio. A vulva fica avermelhada e "inchada" além do normal. No dia do cio pode haver queda na produção de leite e diminuição do apetite. Os sinais secundários surgem antes do cio propriamente dito e acabam depois de seu final, sendo auxiliares na identificação. É importante salientar que os sinais secundários não são exclusivos do cio, porém são mais intensos durante a ocorrência dele.

 

Recomendações para identificação do cio de modo mais eficiente:

 

O produtor deve ter a consciência de que a identificação de cio deve ser uma das tarefas prioritárias! É necessário que haja uma pessoa capaz de conhecer os sinais característicos na exploração, pois a sua observação é uma actividade que exige atenção, devendo-se evitar que seja feita juntamente com outras actividades.

Deve ser realizada no mínimo duas vezes por dia, durante trinta minutos, sendo a primeira observação nas primeiras horas da manhã e a segunda no final da tarde, antes de escurecer.

É necessário manter o rebanho saudável e bem alimentado.

Os horários de observação devem ser respeitados e as anotações feitas em fichas adequadas, de fácil acesso e consulta. Deve-se sempre ter as anotações dos cios anteriores, para se identificar quais os animais próximos a completarem 21 dias após o último cio. Todos os animais devem possuir uma identificação de fácil visualização, como brincos, números a ferro quente, colares ou correntes com número no pescoço, para que possam ser identificados a uma distância razoável, sem que seja necessária uma maior aproximação, a boa identificação evita que sejam inseminadas vacas grávidas ou que não estejam saídas.

Regras de detecção de Cios

 

Para que a expressão do cio seja mais visível, é necessário que os animais se encontrem num ambiente o mais natural possível, como por exemplo a pastagem, deve-se facilitar a interacção com outros animais e deve-se diminuir ao máximo as situações de stress, deste modo está-se a aumentar a eficiência reprodutiva.

 

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Entrevista (Aristides Silva)

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