Boletim Informativo Março
Catálogo 2005
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BOLETIM INFORMATIVO MARÇO

 

Deolinda Silva

Médica Veterinária

ALIMENTAÇÃO E FERTILIDADE

A influência da alimentação na fertilidade, embora importante, é muitas vezes subestimada.

Problemas de fertilidade, que se instalam de forma insidiosa e progressiva, são quase sempre devidos a um desequilíbrio nutricional. O efeito de uma deficiência ou mesmo de um excesso alimentar é observado com o tempo. É necessário que essa situação exista por um longo período de tempo, por exemplo, durante toda a fase de crescimento do animal.

A função reprodutiva espelha qualquer erro alimentar, sendo das primeiras a ser atingida e das últimas a ser recuperada, mesmo depois da correcção das deficiências detectadas.

A alimentação equilibrada, em energia, proteína, vitaminas e minerais, favorece a fertilidade, pelo contrário, são graves as consequências dos desequilíbrios alimentares.

A superalimentação temporária produz um bom efeito nas jovens, mas quando prolongada, conduz à obesidade, sobretudo nos animais permanentemente estabulados, que não fazem exercício.

A subalimentação ocasiona baixas periódicas de fecundidade, principalmente nas explorações onde as disponibilidades forrageiras são insuficientes para os efectivos.

O objectivo da alimentação racional é obter grandes produções e também impedir as perturbações da fertilidade, derivadas de desequilíbrios nutricionais, que muitas vezes originam problemas reprodutivos irreversíveis.

 

PROTEÍNA

 

As deficiências proteicas dependem do seu nível e do momento do ciclo produtivo em que intervêm.

A escassez em proteína nas vacas vazias pode motivar o atraso da maturação sexual, diminuição da função dos ovários e cios silenciosos. Estes sintomas observam-se principalmente nas novilhas ainda em crescimento ou nas grandes vacas leiteiras, que têm elevadas exigências alimentares.

O excesso de proteína degradada no rúmen, provoca uma elevação dos níveis no sangue e tecidos de amónia e ureia, sendo estes tóxicos para o óvulo e espermatozóide e promovem um decréscimo no pH uterino, que afecta a fecundação e o desenvolvimento do embrião. Visando minimizar os efeitos negativos de dietas com alta densidade proteica, deve-se sempre observar o equilíbrio entre energia e proteína nas dietas de vacas em lactação.

ENERGIA

 

A falta de energia, é uma das principais causas nutricionais de perturbações da fertilidade, dando lugar a uma baixa taxa de concepção.

O conceito para expressar a condição energética de um animal é o balanço energético (BN) . Definido como a diferença entre a energia ingerida e a energia despendida. Vacas com balanço energético positivo (BEP) depositam gordura, enquanto que vacas com balanço energético negativo (BNE) mobilizam as reservas corporais (emagrecem). O balanço energético negativo é um problema que afecta as vacas subalimentadas e as vacas com proporcional alta produção de leite em relação à ingestão de matéria seca.

No início da lactação, as vacas de alta produção encontram-se em BNE, influenciando negativamente o desenvolvimento ovárico e o aparecimento do 1º cio pós-parto. Quanto mais intenso for o BNE, maior é o intervalo parto-1º cio (anestro pós-parto).

A densidade nutricional da dieta depende do nível de produção de leite, peso vivo, % de gordura no leite, ganho de peso desejado e principalmente IMS (ingestão de matéria seca).

A IMS é limitada durante o final da gestação e o início da lactação, o que pode comprometer a ingestão total de energia e a performance reprodutiva. Para vacas que não conseguem ingerir o necessário para as suas necessidades, deve-se aumentar a densidade nutricional da dieta, afim de que não ocorra grande perda de peso, com redução da eficiência reprodutiva e da produção de leite.

Alimentação com forragens de alta qualidade, incremento na relação concentrado-volumoso ou adição de suplementos de gordura, são alguns dos caminhos para aumentar a ingestão de energia pelas vacas no pós-parto.

 

 

VITAMINAS

 

Os microrganismos do rúmen (pança) sintetizam numerosas vitaminas, algumas das quais são retiradas das forragens ingeridas.

O abastecimento natural em vitaminas escasseia se as forragens forem de má qualidade e utilizadas em volume reduzido, quando a exposição dos animais ao sol é limitada, pois nestas condições, para satisfazer as exigências do organismo, torna-se necessário a utilização de suplementos.

As vitaminas mais importantes para a reprodução são a vitamina A, D e E.

A deficiência de vitamina A dá origem ao nascimento de vitelos mortos ou muito débeis em gestação de termo (9 meses), retenções de placenta e atrasos na fecundação.

A falta de vitamina D provoca alterações nos ciclos éstricos (cios).

A carência de vitamina E aumenta a incidência de retenções placentárias e de quistos ováricos.

MINERAIS

 

A concentração de minerais no aparelho reprodutor é pequena em relação aos demais tecidos e depende, quase exclusivamente, do aporte alimentar. Por este motivo, facilmente ocorrem alterações, pois os minerais encontram-se na alimentação mais em deficiência do que em excesso.

Uma suplementação mineral desequilibrada, associada a uma pastagem pobre em minerais, pode afectar a capacidade reprodutiva do animal, tanto na fase de amadurecimento sexual (puberdade), como na fase adulta.

Podemos dividir os minerais em 2 tipos: macroelementos e microelementos.

 

Macroelementos

 

Um dos minerais que maior influência tem na reprodução é o fósforo , não só pelo facto de muitas das forragens consumidas pelos animais serem pobres neste mineral, como pelo facto de ser um elemento importante na constituição do leite.

A carência deste mineral retarda a puberdade e provoca situações de anestro (ausência de cio). O reajustamento do fósforo num efectivo carenciado, compensa a carência e intensifica os sinais de cio nas fêmeas.

O cálcio também é um mineral importante, estando intimamente relacionado com o fósforo, uma vez que o fornecimento de um afecta o aproveitamento do outro. A vitamina D, contribui para absorção de ambos.

O cálcio interfere na contracção do útero, importante para o peri-parto e pós-parto (antes e depois do parto).

A deficiência alimentar em sódio e potássio também diminui a fertilidade. No entanto, esta situação é pouco frequente, podendo ocorrer quando os animais não recebem sal comum ou forragens verdes.

 

Microelementos

 

Para a reprodução e crescimento, consideram-se essenciais mais de uma dezena de microelementos, que desempenham um papel directo na prevenção de fertilidade.

Os oligo-elementos cobalto , cobre , iodo , manganês e selénio , incluídos na dieta, satisfazem em geral as exigências da reprodução.

A carência de manganês leva a uma baixa de fertilidade e ao nascimento de vitelos anormais.

A carência de iodo em vacas gestantes, provoca no feto situações de bócio. O acréscimo deste oligo-elemento estimula a actividade da tiróide, melhorando a capacidade reprodutiva.

A falta de selénio está relacionado com o aumento de incidência de retenções de placenta e causa fertilidades baixas.

 

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