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BOLETIM INFORMATIVO DEZEMBRO
Fertilizações
A progressiva intensificação cultural exige, a utilização de produtos capazes de actuar mais rapidamente e com maior eficácia na alimentação das plantas, contudo numa agricultura tecnicamente evoluída, a preservação e melhoramento da fertilidade do solo e do seu potencial produtivo constitui uma norma básica cujo respeito garante a sustentabilidade dos sistemas culturais e a salvaguarda da qualidade do ambiente.
As culturas só poderão produzir plenamente em quantidade e qualidade se, para além de outras condições ambientais favoráveis, tiverem à sua disposição durante todo o período de crescimento os diversos nutrientes minerais (azoto, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre, ferro, manganês, cobre, zinco, níquel, boro, molibdénio e cloro) nas quantidades e proporções mais adequadas, proporções estas que variam com a natureza da cultura e, dentro desta, com a cultivar e o respectivo nível de produção.
As técnicas culturais também são muito importantes, a fertilidade de um solo pode degradar-se quando este for sujeito a técnicas incorrectas ou, pelo contrário, pode aumentar quando cultivado de forma adequada de maneira a melhorar as suas características físicas, químicas e biológicas.
Dos nutrientes vegetais referidos alguns são necessários às plantas em quantidades mais elevadas, os chamados macro nutrientes principais (azoto - N, fósforo - P e potássio - K), e na quase totalidade não se encontram em quantidades suficientes, porque as sucessivas instalações de culturas agrícolas no solo têm tendência para ir baixando a fertilidade, uma vez que a maior parte dos elementos que as plantas absorvem não voltam ao solo, isto é, são exportados para fora dos locais de onde foram retirados, tornando-se indispensável aplicá-los sob a forma de adubos ou correctivos. Pode no entanto em situações específicas ocorrer o contrário, por ex. certas plantas são fixadoras de azoto como é o caso da luzerna, do trevo, da tremocilha, entre muitas outras plantas (leguminosas), nestas situações a necessidade de aplicação de adubos azotados praticamente não existe e se existir as quantidades necessárias são muito menores. Devidamente aproveitada esta característica podemos tirar partido dela, possibilitando assim uma fertilização natural dos solos pobres em azoto, deste modo muitas vezes recorre-se à consociação entre leguminosas e gramíneas, beneficiando-se assim desta situação como por ex. pastagens mistas de trevo e azevém.
O azoto é, na maior parte dos casos, o elemento que maior influência vai exercer nas produções, este facto faz com que muitos lavradores tenham tendência para exagerar a sua aplicação. As elevadas aplicações para além dos desperdícios de dinheiro e dos problemas ambientais acarretam também outros problemas para a própria planta, absorções excessivas deste elemento provocam menor resistência dos cereais à acama e maior susceptibilidade da planta às pragas e doenças. È também um elemento muito dinâmico no solo, estando muito sujeito a ser arrastado pela água, assim sendo a sua aplicação deverá ser repartida em fracções.
Ao contrário do azoto, o fósforo é um elemento muito estático no solo, as perdas por acção da água não são de recear, assim sendo este é um elemento que deve ser aplicado à sementeira, contudo apesar de não ser sujeito a perdas por lavagem, está sujeito a perdas por insolubilização, isto é, a formar compostos ou associações de compostos que só muito dificilmente irão libertá-lo. A insolubilidade do fósforo é particularmente acentuada em solos muito ácidos como acontece muitas vezes nos Açores, em que os solos são tendencialmente ácidos. A correcção dos solos com aplicação de calcário, vai favorecer a absorção do fósforo pelas plantas. O fósforo desempenha funções importantes no desenvolvimento radicular o que é extremamente importante, pois quanto melhor for o desenvolvimento da raiz maior é a capacidade da planta de retirar dos solo os outros nutrientes, assim como a água.
Quanto ao potássio desempenha também funções muito importantes, a sua acção manifesta-se principalmente na qualidade das colheitas, aumenta o teor de glícidos (açucares) e torna as plantas mais resistentes a doenças e ao frio. Este elemento existe em grandes quantidades nos nossos solos e portanto normalmente a sua aplicação não é necessária, no entanto há que ter em atenção que algumas culturas são muito exigentes neste elemento como é o caso da luzerna, da batata e o tomate.
Outros nutrientes necessários em grandes quantidades também mas que muitas vezes existem em quantidades suficientes, são os chamados macro nutrientes secundários (cálcio, magnésio e o enxofre). Existem ainda os micro nutrientes, que são nutrientes necessários às plantas, embora que em quantidades muito reduzidas, podendo sofrer intoxicações se os absorverem em quantidades muito elevadas.
Os fertilizantes, podem actuar nas produções mediante uma acção essencialmente directa (adubos), isto é, proporcionando às culturas uma maior disponibilidade dos elementos nutritivos que lhes são mais necessários, ou através de acções predominantemente indirectas (correctivos), ou seja, exercendo uma influência benéfica nas diferentes características físicas, químicas e/ou biológicas do solo. Convém salientar desde já, que os adubos e os correctivos devem sempre ser encarados como produto cujas acções se complementam mas não se substituem, por ex. a calagem, tratamento efectuado para corrigir solos com pH baixo (o pH mede o grau de acidez ou alcalinidade do solo, e a sua escala varia de 0 a 14, solos com pH abaixo de 6,5 são considerados ácidos e com pH acima de 7,5 são alcalinos), é considerada como uma das práticas que mais contribui para o aumento da eficiência dos adubos e consequentemente, da produtividade e da rentabilidade agropecuária.
Nos planos de fertilização que se estabeleçam a nível de uma exploração agrícola deverão procurar utilizar-se de forma sistemática todos os subprodutos da exploração que possuam valor fertilizante, tais como estrumes, chorumes, resíduos das culturas, lamas e águas residuais, etc., recorrendo a outros fertilizantes obtidos no exterior, nomeadamente adubos químicos, adubos orgânicos e adubos organominerais, apenas para satisfazer o défice da exploração em nutrientes.
O êxito da aplicação dos fertilizantes vai depender da conveniente aplicação de diversos factores, nomeadamente do tipo de solo e da cultura, das características climáticas da região e da própria técnica da aplicação do fertilizante mas, em qualquer caso, é sempre indispensável começar por se saber quais são os fertilizantes que podem ser aplicados e quais as características que cada um deles possui. A prática da fertilização racional pressupõe, por conseguinte, a existência de informação técnico-científica, a análise da terra permite uma utilização correcta dos fertilizantes, salvaguardando aplicações insuficientes, garante produções adequadas, evita as fertilizações excessivas, diminui os encargos económicos e os riscos de poluição, deste modo a AJAM/CJA passou a disponibilizar mais um serviço aos nossos associados, a análise de solos. Fazer adubações sem saber as necessidades do solo é “adubar ás escuras”, faça análises regularmente, contacte os nossos serviços!
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