Boletim informativo SETEMBRO
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BOLETIM INFORMATIVO DEZEMBRO

A sustentabilidade da Agricultura Açoriana

 

23/09/04

Cientes dos problemas mais importantes que se colocam ao sector da actividade agrícola, a AJAM, estrutura representativa e organizativa deste sector, num acto de defesa dos interesses dos agricultores, no desenvolvimento da massa agrícola e progresso do mundo rural Açoriano, decidiu levar a cabo uma sequência de reuniões com o objectivo de avaliar a sustentabilidade da agricultura Açoriana. Próximos do abismo da decadência, achou por bem esta instituição, num espírito de total abertura e cooperação, ouvir e entender a visão de vários intervenientes no sector, sejam eles técnicos, agricultores, dirigentes, ou cooperantes. No seguimento destas reuniões, a AJAM promoveu um debate entre as forças políticas e a lavoura em geral, onde foram apresentadas as conclusões das reuniões com os diversos intervenientes no sector agrícola e ouvidas as opiniões, críticas e “promessas” das várias forças políticas Regionais (Ps-Dr. Luís Paulo Alves, PSD/PP-Dr. Luís Henrique Sequeira Medeiros, PDA-Sr. Vitor Sousa, BE-Drª. Zuraida Sousa, Partido daTerra-Sr. Manuel Moniz, CDU-Dr. José Decq Mota).

Cada vez mais se torna incomportável para os agricultores, ultrapassar os obstáculos associados a tão árdua actividade. Pretendemos soluções, não poderemos continuar num sector decadente, servido por uma política indiferente, neste contexto destacam-se algumas críticas, ideias e sugestões que entendemos dever ser consideradas e que foram apresentadas aos intervenientes das forças políticas na referida reunião:

A localização Ultra-periférica dos Açores e a sua elevada dependência externa, os ritmos crescentes de competição, a liberação dos mercados, conduziram a Agricultura Açoriana ao estado de fragilidade em que se encontra. A aplicação de legislação no domínio da agricultura em quantidade e qualidade duvidosa, desfocadas da realidade e sem sentido objectivo conduziram uma inteira região a um sistema de produção intensivo baseado na monocultura da vaca leiteira incompatível com uma sustentabilidade económica, ambiental e social da nossa região. No Seguimento destes acontecimentos a crise instalou-se em todos os ramos agrícolas, “agora estamos todos no mesmo barco”, são palavras proferidas por quem lamenta a situação que nos encontramos.

Será de bom-tom as altas estâncias políticas, decidirem um conjunto de providências legislativas e definirem políticas concertadas, de modo a assegurar a protecção e produção dos nossos produtos, é inconcebível a existência de portarias que por ex. estabeleçam o pagamento de vacas brucélicas face à descriminação daqueles que não efectuam o contraste leiteiro, dado que não é um princípio mas sim uma excepção que não se encontra ao alcance de todos.

Os produtos regionais devem ser promovidos e certificados de modo eficaz para que se possa contornar as importações indesejáveis que muitas vezes acabam por denegrir a qualidade e imagem de que tanto dependemos. Deve ser dado ao consumidor garantia e informação actualizada dos produtos agro-pecuários disponíveis na região.

Devem ser definidas prioridades para as infra-estruturas agrícolas, e canalizar as ajudas para a modernização, reconversão e diversificação das explorações.

Numa região em que o sector agrícola está profundamente implantado, a sua estabilidade depende da melhoria da capacidade competitiva do sector agrícola, assim sendo para o sector cooperativo, é necessário incentivar a união e inter-cooperação, criar um plano de financiamento ás actividades e projectos do sector cooperativo-agropecuário, promover a formação e informação dos dirigentes cooperativos e cooperantes e criar uma visão empresarial favorável à mobilização e dinamização das estruturas associativas.

Deverão ser aplicadas medidas estratégicas planeadas e organizadas no sector produtivo que visem a produção em quantidade, regularidade e qualidade. È necessário saber onde, como, quanto, quando e o quê produzir com base em cartas de aptidão dos solos, tendo em conta de que cada ilha e cada zona é diferente. Para tal deverão ser efectuados estudos por entidades competentes, é necessário apostar na investigação para que além de outros motivos seja possível minimizar e antever os impactos ambientais negativos evitando que a pesada factura recaía sempre sobre a agricultura. Não menos importante é a educação, a formação e informação que muitas vezes não chega ao elo fundamental deste sector, o Agricultor!

Concluímos esta mensagem formulando os nossos votos para que o novo governo que acaba de tomar posse, possa ser sensível, à resolução dos desafios que temos pela frente para bem-estar no nosso sector.

 

Carlos Oliveira